quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Arnaldo Antunes

Arnaldo Antunes
fecha os olhos de dentro -
Acorda, esquecimento.

Arnaldo Antunes é poeta, músico, cantor, compositor e artista plástico. Surgiu em 1982, com o grupo de rock Titãs, no qual ficou por 10 anos - período em que lançou três livros de poemas. O primeiro CD solo, Nome, veio acompanhado de livro e vídeo, revelando as múltiplas trilhas que seguiria em sua carreira.


Em Arnaldo, a poesia assume uma linguagem pop, que tem a ver com o ritmo da grande metrópole. Ele explora as sonoridades de cada vocábulo, faz da própria letra impressa parte integrante do poema, trabalha as linhas e os espaços em branco da página. A poética de Antunes guarda proximidade com a obra do curitibano Paulo Leminski, porém suas raízes mais profundas estão no concretismo. Nos artigos "Derme/verme" (1991) e "Poesia Concreta" (1994), publicados em jornais de São Paulo, defendeu Augusto de Campos em sua polêmica com os poetas Bruno Tolentino e Régis Bonvicino.

Charles A. Perrone escreve sobre o trabalho do ex-titã: "Há na safra dos nascidos em 60 um nome mais que sobressaliente: Arnaldo Antunes. A poesia dele passará o umbral do novo século." O poeta se autodefine com simplicidade: "Tenho intersecção a tudo o que eu acabo produzindo - música, artes plásticas, literatura -, que é o tato com a palavra em si: eu não faço música instrumental, eu faço canção; eu não faço artes plásticas, faço instalações de poesia visual."

1960, nasce no dia 2 de setembro, em São Paulo - SP.


Obras do autor
POESIA: Ou e, 1983; Psia, 1986; Tudos, 1990; As coisas, 1992; 2 ou + corpos no mesmo espaço, 1996.
ARTIGO: 40 escritos, 2000.
DISCOS SOLO: Nome, 1993; Ninguém, 1995; O silêncio, 1996; Um som, 1998.


"Assim como a gente tem recursos de entonação com a fala, queria criar um similar de entonação gráfica."
"Nem só na poesia há poesia."
                                                                                       Arnaldo Antunes


INFERNO

Aqui a asa não sai do casulo, o azul
não sai da treva, a terra
não semeia, o sêmen
não sai do escroto, o esgoto
não corre, não jorra
a fonte, a ponte
devolve ao mesmo lado, o galo
cala, não canta a sereia, a ave
não gorgeia, o joio
devora o trigo, o verbo envenena
o mito, o vento
não acena o lenço, o tempo
não passa mais, adia,
a paz entedia, pára
o mar, sem maremoto,
como uma foto, a vida,
sem saída, aqui,
se apaga a lua, acaba
e continua.


Fonte: 100 Anos de Poesia - Um panorama da poesia brasileira no século XX - volume II - organização Claufe Rodrigues e Alexandra Maia - O Verso Edições - 2001 - Rio de Janeiro.

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