terça-feira, 16 de abril de 2013

Charles Dickens

Charles Dickens

"Minha prece de moribundo foi que os homens possam pelo menos aproximar-se mais uns dos outros do que quando eu, pobre-coitado, estive entre eles".
(Charles Dickens)




1812 - Nasce em 17 de fevereiro, em Portsmouth, Inglaterra, Charles John Huffam Dickens, 
segundo filho de John e Elisabete Dickens.
1822 - A família Dickens transfere-se para Londres.
1824 - John Dickens é preso por causa de dívidas. Charles trabalha numa fábrica de graxa.
1827 - Charles emprega-se como aprendiz na casa de um procurador judicial.
1831 - Dickens torna-se repórter parlamentar.
1833 - Sua primeira crônica é publicada no Monthly Magazine.
1835 - Aparecem, em dois volumes, os Esboços de Boz.
1836 - Charles casa-se com Catherine Hogarth em 2 de abril.
1837 - É coroada a rainha Vitória. Dickens publica As Aventuras do Sr. Pickwick.
1838 - Surge Oliver Twist em fascículos mensais.
1838-39 - Publica Vida e Aventuras de Nicholas Nickleby.
1840-41 - Publica A Loja de Antiguidades e Barnaby Rudge.
1842 - Em janeiro, Dickens viaja para os Estados Unidos. Ao regressar, publica Notas Americanas.
1843-44 - Edita seu primeiro  conto de Natal e Martin Chuzzlewitt.
1844 - Viaja a Itália.
1845 - Publica Carrilhões e Uma História de Duendes.
1849-50 - Surge a obra-prima David Copperfield.
1852 - Publica A Casa Sombria.
1854 - Publica Tempos Difíceis.
1856 - Dickens adquire a mansão de Gad´s Hill.
1857 - Conhece a jovem atriz Ellen Ternan.
1858 - Separa-se de Catherine.
1859 - Publica Um Conto de Duas Cidades (*).
1864-65 - Publica Nosso Amigo Comum.
1867 - Em novembro, faz sua segunda viagem aos Estados Unidos.
1869 - Inicia O Mistério de Erwin Droog.
1870 - Charles Dickens é apresentado à rainha Vitória.
Morre no dia 9 de junho. É sepultado na ala dos poetas da Abadia de Westminster, em Londres.

(*) Um Conto de duas Cidades
A narrativa de Um Conto de Duas Cidade tem início em 1775, quando começam a germinar os movimentos que culminariam na Revolução Francesa.
Camponeses e artesãos conformam-se diante das injustiças e abusos por parte da nobreza, pois sabem que o tempo da vingança está próximo. Neste clássico da literatura inglesa do século XIX, Dickens toma como referência a Revolução Francesa para apontar os problemas sociais e políticos da Inglaterra, pois teme que a história se repita em seu país.


No início do século XIX, a Inglaterra tem uma tarefa a cumprir: conquistar mercados para o escoamento de suas riquezas naturais industrializadas. Através de uma rede de estradas e canais de navegação e de uma grande frota mercantil, a Inglaterra realiza em tempo relativamente curto uma revolução industrial que a transforma na "oficina do mundo".


 A Revolução Industrial propicia à coroa britânica o acúmulo de grandes riquezas e à classe média considerável fortuna, mas simultaneamente acarreta graves problemas sociais e administrativos. As cidades inglesas não comportam o acúmulo de gente que para lá se desloca em busca de trabalho. Há dificuldades de abastecimento de água, carência de esgotos e de habitações. As fábricas que se multiplicam têm, no entanto, urgência de todos os braços disponíveis. Homens, mulheres e crianças mourejam nos tornos e teares mecânicos desde o nascer do sol até noite alta.

Criança ainda, Charles Dickens, nascido em 1812, sente na carne as agruras da Revolução Industrial. Seu pai, John, escriturário da Tesouraria da Marinha na cidade de Portsmouth, não tem habilidade para controlar seus minguados proventos. Vive de empréstimos, sem conseguir saldá-los. Um dia os credores se impacientam com ele. Às pressas, resolve mudar-se para Londres, levando consigo a família.

Num sótão de uma rua pobre da cidade grande, sem saúde para brincar com outros meninos, Charles lê Tom Jones, de Fielding, Dom Quixote,de Cervantes, As Mil e Uma Noites (contos árabes medievais anônimos). Não pode ficar muito tempo imerso nesse mundo de sonhos e aventuras:  as dívidas do pai não permitem: perseguido por credores, JOhn Dickens acaba preso. A esposa, Elisabete Dickens, vê-se obrigada a vender vários pertences da casa, entre os quais os livros. Sem meios para se sustentar, transfere-se para a prisão de Marshalsea, onde o marido cumpre pena.

O menino não acompanha a família: está com doze anos mas precisa trabalhar. Vive na casa de parentes, e durante eis meses cola rótulos em potes de graxa É seu primeiro contato com a Revolução Industrial.

Com a morte da mãe, Jolhn Dickens recebe uma pequena herança: salda as dívidas e pode sair da prisão. Charles então manifesta o desejo de estudar.  O pai concorda. Elisabete, sempre contrária às iniciativas do filho, não aprova a idéia: o menino na escola representa um gasto a mais, um ganho a menos. Mas Charlis insite, chora e ganha a questão. Entra na Wellington House Academy, mas a estabilidade financeira da família não permite que ele continue na escola por muito tempo Tem de arrumar um novo trabalho. Quer ser ator, mas precisa ganhar dinheiro. Emprega-se, então, como aprendiz na casa de um procurador judicial.

´Para quem sonha com o palco, não é agradável passar os dias ouvindo queixas. Decide então aprender estenografia para conseguir uma ocupação mais atraente. Assim, aos vinte anos, estenógrafo diplomado, Dickens começa a trabalhar no jornal True Sun. A vida de repórter é dura. Viaja pelas províncias inglesas em incômodas caleças, ás vezes fica sem comer e frequentemente redige á luz de vela. Mas graças à veia humorística e à sede de aventuras, também se diverte, anotando episódios pitorescos.

Nessa época, a antiga aristocracia rural e a emergente burguesia industrial lutam pelo poder político.
Dickens acompanha de perto as contendas e rixas entre os candidatos e eleitores de ambas as facções. Tudo o que vê conta ao amigo Kolle, companheiro de redação, que se empolga com a maneira com que Dickens conta suas experiências. É Kolle quem apresenta Dickens a várias pessoas da alta sociedade londrina. Dickens conhece Mary Beadnell, por quem se apaixona, mas os pais da moça não aprovam o namoro e mandam-na para Paris.

Para curar a mágoa, Dickens escreve. Timidamente, valendo-se da escuridão da noite, envia ao Monthly Magazine uma pequena crônica, sem assinatura. Um mês mais tarde verifica, surpreso, que seu escrito não só fora aproveitado como é lido por muita gente. O sucesso leva-o então a redigir uma série de crônicas, em linguagem leve e fácil, narrando fatos reais ou fictícios da classe média londrina. Assina-as sob o pseudônimo Boz, no Morning Chronicle, o jornal londrino de maior circulação na época.

A popularidade de Boz o leva a ser convidado a fazer os textos de alguns desenhos do famoso artista Robert Seymour para publicá-los em capítulos mensais.

Boz aceita o convite, mas impõe que, em vez de redigir de acordo com os desenhos, quer que seus textos sejam ilustrados. Nascem, assim, As Aventuras do Sr. Pickwick, publicadas em 1837. A Inglaterra ri e chora com as "aventuras". E Dickens casa-se com Catherine Hogarth, filha do redator-chefe do Morning Chronicle. Não parece ter sido amor o motivo do casamento. Triste e apática, Catherine não se harmoniza com o espírito irrequieto e fértil do escritor. Mary Hogarth, a bela cunhado de dezessete anos, ajuda-o a carregar o fracasso conjugal: inteligente, vivaz, alegre, Dickens confia-lhe seus sonhos e problemas. Mas sua presença no mundo é breve. Um dia, sem nenhum sintoma de doença, Mary Hogarth cai e morre - simplesmente. O romancista fica tão abalado que suspende a série "Pickwick", encerra-se em si mesmo, emudece. Só mais tarde, em 1840, amenizada a mágoa, imortalizada a cunhada como a pequena Nell, na obra A Loja de Antiguidades. Durante meses os leitores acompanham emocionados a história da menina, e, ao sab~e-la enferma, enviam a Dickens torrentes de cartas, suplicando-lhe que poupe a gentil criatura. Foram inúteis os rogos. Como Mary, também a jovem personagem morre, provocando violente comoção no país inteiro.

Mal termina As Aventuras do Sr. Pickwick, Dickens começa a publicar, em 1838, Oliver Twist, em fascículos mensais ilustrados. O rápido êxito faz o escritor concluir um livro e iniciar outro, sem interrupção. A necessidade de sentir-se amado, a ânsia de reconhecimento público, a vaidade exacerbada não lhe permitem descansar. Após Oliver Twist, escreve, ainda em 1838, Vida e Aventuras de Nicholas Nickleby, A Loja de Antiguidades, em 1840, e Barnaby Rudge, 1841.

Após tanta atividade, Dickens resolve viajar para os Estados Unidos. A príncípio recebido como ídolo, provoca antipatia da imprensa local ao declarar, num banquete em sua homenagem, que os ediotres americanos não pagam direitos autorais aos romancistas ingleses que publicam. Somando à reação da imprensa algumas peculiaridades que lhe pareceram desagradáveis, Dickens retorna à Inglaterra e redige uma série de crônicas (Notas Americanas, 1842) e um romance (Martin Chuzzlewitt, 1843-1844) criticando asperamente os Estados Unidos.

É época de Natal, o coração de Dickens se enternece mais que de costume. Tanto se dispõe a interpretar as emoções populares da época natalina, e escreve seu primeiro conto de Natal. Uma mensagem de amor, que ele entrega à cidade de Londres, partindo em seguida para a Itália, de onde só retorna um ano depois, para ler em público um conto de Natal: Carrilhões, uma História de Duendes, inspirado pelos sinos de Gênova. Feliz com o êxito da leitura, dirige-se a Paris, onde é recebido pelos grandes escritores franceses de então: Victor Hugo, George Sand, Théophile Gautier e Alphone de Lamartine, entre outros.

Novamente em Londres, Dickens redige sua obra-prima, em 1849, aos 37 anos: David Copperfield, uma quase autobiografia.

O anos seguintes são de produção literária: escreve em 1852 A Casa Sombria. Em 1854, publica Tempos Difíceis.

É nessa época, no ano de 1856, que Dickens concretiza um sonho antigo: adquire uma mansão, a Gad´s Hill. O menino que pregara rótulos em potes de graxa vencera na vida. Famoso, rico, admirado, querido, realiza até a ambição de ser ator. Depois do êxito com a leitura dramática de Carrilhões, Uma História de Duendes, Dickens apresenta-se em uma série de espetáculos semelhantes. O amigo Wilkie Collins escreve a peça Abismo Gelado, cujos papéis principais são interpretados por Dickens e suas filhas mais velhas e por Collins.

Na representação desse drama, em 1857, Dickens conhece a jovem atriz Ellen Ternan e se apaixona por ela: está com 45 anos. Catherine fica sabendo de sua paixão por Ellen. Dickens teme qe o público descubra e o acuse de hipócrita, ele que tanto falara em nome da virtude. O medo de perder a estima dos leitores leva-o a publicar nos jornais uma longa declaração explicando por que se separava da esposa.

Dá como justificativa a invencível incompatibilidade de gênios - estranhamente constatada após vinte anos de casamento e dez filhos.

Corre o ano de 1859, e Dickens conclui Um Conto de Duas Cidades, livro que toma como ponto de referência a Revolução Francesa para mostrar o problemas sociais e políticos da Inglaterra, pois teme que a situação do país visinho se repita em seu país natal. O relacionamento com Ellen continua intenso. A nova paixão lhe dá mais despesas, as quais procura cobrir com um trabalh incessante. E a saúde vai se debilitando. Hemorragias constantes interrompem-lhe as atividades. Uma espécie de paralisia dificulta-lhe os movimentos da perna esquerda. Ainda vive onze anos entre um palco e outro, um romance e outro. Uma segunda viagem aos Estados Unidos, aos 65 anos, traz-lhe reconhecimento e prestígio.

Em 1870 é apresentado pessoalmente à rainha Vitória, numa penosa audiência que o obriga a manter-se várias horas de pé, com fortes dores na perna. No dia 9 de junho desse mesmo ano falece repentinamente. Seu último romance, O Mistério de Erwin Drood, que começara a escrever no ano anterior, fica sem conclusão.

Como chorara com suas histórias, a Inglaterra chora sua morte. Toda a vida, toda a obra de Dickens pode ser resumida na frase do personagem Stephen, o mineiro pobre de Tempos Difíceis: "Minha prece de moribundo foi que os homens possam pelo menos aproximar-se mais uns dos outros do que quando eu, pobre-coitado, estive entre eles".

4 comentários:

  1. eu estou lendo grandes esperanças do dickens. beijos, pedrita

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  2. Pedrita,
    Seja bem-vinda por aqui.
    Grandes Esperança está em minha lista de leitura, deve ser um grande livro, literalmente falando.
    Beijos.

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  3. Estou relendo "David Copperfield", assim como de vez enquanto releio "As Aventuras de Sr. Picwick" - sou um fã que o venera muito assim como o mestre Dostoiévski

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  4. Raimundo,
    Obrigado pela visita e comentário.
    Dentre tantos excelentes autores, Dickens esta em minha meta como autor a adentrar.
    Reler o autor é sinal de que você já está em uma fase otima, que é a releitura.
    Lígia Guedes.

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